Na minha concepção não há nada de errado em passear no shopping. Mas tal fenômeno, que alguns apoiadores chamam de "forma livre de expressão e de posicionamento social", eu chamo de "ociosidade".
Essa ociosidade é fruto maldito nascido de uma árvore chamada Estatuto da Criança e do Adolescente, que apesar de seus propósitos legítimos de proteger o ser inocente e fragilizado em sua tenra idade, ultrapassa os limites de uma análise atualizada acerca do mercado de trabalho.
Mais uma vez, distorções acerca da função objetiva do Ministério de Trabalho e Emprego.
Atualmente a legislação limita, burocratiza e dificulta o acesso da juventude brasileira na sociedade através do trabalho espontâneo, ou seja, pelo interesse do próprio jovem e de sua família em iniciar uma profissão em uma empresa e até em ajudar no orçamento doméstico. Isso porque a entidade acredita que meia dúzia de ocorrências abusivas representam o empresariado total de nosso Brasil, como se todo empregador abusasse indevidamente da mão de obra juvenil, como se estivéssemos recém saídos do regime escravocrata.
É revoltante ver o quanto está difícil operar uma empresa em nosso país onde você já nasce com o pressuposto de ser irresponsável e usurpador dos direitos alheios. E agora, com esse novo movimento vindo à tona, coloco aqui minhas considerações acreditando que, se a juventude, ao menos os que querem trabalhar, tivessem o apoio do governo na flexibilização das leis perante o empregador, permitindo-lhe dar mais espaço para ingresso do menor no mercado de trabalho, certamente eventos como esse rolezinho não seriam pauta de nossos jornais.
O que falta ao Brasil é promover o desenvolvimento real da economia através da sociedade, ou seja, estimular, dar incentivos e permitir que as únicas entidades capazes de promover o desenvolvimento real e o emprego, que são as Pessoas Jurídicas, contratem cada vez mais. É preciso que as empresas recebam voto de confiança do governo quanto a sua idoneidade, para que se estimule a criação de mais vagas de emprego e de oportunidades ao jovem de iniciar uma carreira ou profissão.
A legislação dirigida ao trabalhador é tão ultrapassada e desigual (agora sim em total desequilíbrio de forças entre patrão e empregado) que retira toda a autonomia, capacidade e interesse de uma empresa em empregar e investir em quadro de funcionários, tamanho o risco econômico e dor de cabeça que o trabalhador lhe traz com a legislação debaixo dos braços.
Ao contrário do que parece eu não faço bravata contra o trabalhador, mas a favor do empregador, para que os direitos de um não tirem a autonomia e a capacidade de gestão, crescimento e geração de emprego do outro.
As empresas querem contratar, inclusive aprendizes e menores de idade, dando-lhes oportunidade independente das cotas obrigatórias. Mas diante de uma reversão de valores e do desequilíbrio que se construiu entre os direitos e deveres de cada parte criado com o passar dos anos, ninguém mais se arrisca. E o resultado disso é a criação do vagabundo precoce, o jovem ocioso de todas as classes sociais que quando não está na escola está por aí dando rolezinho, fumando um baseadinho, fazendo uns arrastõezinhos na praia e realizando outras proezas que só um país subdesenvolvido não é capaz de diagnosticar e corrigir com mudanças doutrinárias em sua legislação. Tudo isso na ausência do pai e mãe que estão aí trabalhando em dois empregos e passando horas trafegando no ineficiente transporte coletivo em busca de um ou dois salários mínimos.
Não temos escolas públicas de qualidade, não coibimos a violência, não temos reformatórios adequados para a ressocialização de delinquentes, não oferecemos um sistema de saúde capaz de atender à demanda e não oferecemos condições à iniciativa privada de promover o desenvolvimento econômico e social através da geração de empregos. Disfarçamos nossa incompetência dando bolsas e alimentando as vítimas da nossa ganância por poder e negligência política.
Lamente esse fato: não temos previsão de melhorias. Perdi a esperança no eleitor. Esse é o Brasil que chamam de emergente, um pais em desenvolvimento...
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