quarta-feira, 9 de março de 2011

Entrevista de emprego: uma nova abordagem

Quantas vezes nos deparamos com aquela abordagem numa entrevista de emprego: cite seus pontos positivos e pontos a melhorar (em outras palavras, fale-me de seus defeitos).

Coisa mais chata é estar em uma entrevista onde queremos falar de nossas qualidades e o entrevistador pede para falarmos também de nossos defeitos. Infelizmente, é um mal necessário.

Nesse caso, minha dica para quem entrevista é buscar a mesma informação com outra abordagem através de perguntas do tipo:

1 - Cite algumas situações onde você foi repreendido pelo seu superior imediato;
2 - Cite algumas situações onde sentiu-se injustiçado pela bronca de clientes ou de seu superior;
3 - Quais eram as broncas mais frequentes que você levava de seu pai? E de sua mãe? (ou de quem o criou)
4 - Quais eram as broncas mais frequentes que você levava na escola?

Essas perguntas levarão o candidato a descrever seus defeitos indiretamente, vistos pelos olhos de quem convive com ele.

Na busca por identificar o perfil do candidato e seus valores, tenho algumas abordagens que ajudam a identificar aspectos pessoais:

1 - Se pudesse demitir hoje o seu gerente, que pontos negativos dele você usaria para explicar o motivo da demissão?
2 - Quais são as qualidades que você mais admira em seu patrão? E em seu pai? E em sua mãe?
3 - Quais são os conselhos que você daria ao seu pai para que ele melhore como cidadão? E à sua mãe? (ou em quem o criou)
4 - Cite um momento onde sentiu-se humilhado por alguém. Como e quando foi isso?
5 - Cite um momento em que arrependeu-se muito de ter feito ou ter dito algo a alguém.
6 - Em um casamento, que tipo de hábitos ou comportamentos do seu cônjuge você considera ser capaz de tolerar?
7 - Que tipo de comportamentos você considera inadmissíveis vindos de um filho?

Com essas abordagens podemos conhecer informações importantes sobre o caráter das pessoas, buscando pontuar a intensidade de fatores como lealdade e tolerância.

Para finalizar as entrevistas sempre gosto de perguntar: Qual é o seu sonho, por mais irrealizável que ele possa parecer?

Através dessa pergunta podemos ter uma noção do tamanho da ambição do candidato (se ele pensa a curto, médio ou longo prazo, se ele busca coisas para si próprio ou para terceiros, etc) e assim, somado às demais informações coletadas, ter uma boa idéia de como ele deverá comportar-se caso seja contratado.

Outra dica importante é sobre o posicionamento do entrevistador. O candidato sente-se mais confortável e mais à vontade se o entrevistador sentar-se próximo dele e não atrás de uma mesa. Quanto mais à vontade estiver, mais aberto e franco será para o diálogo da entrevista.

4 comentários:

  1. Adriano,

    Super interessante sua postagem. Acredito que é o grande desafio para muitos dos jovens brasileiros que infelizmente não tem pessoas para apoiar. Por isso, defendo a tese que o ensino médio deveria ser transformado em ensino técnico e além disso, deveria focar no desenvolvimento das habilidades para a disputa de uma vaga no mercado de trabalho.

    Abraços

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  2. Adriano, eu, sinceramente, não consegui entender até hj porque vc, que é jovem, com um CV ótimo, e com sua postura perante o trabalho e a vida, não esteja ocupando a cadeira de um executivo de médio porte numa grande empresa. Vc é um administrador (no melhor sentido da palavra) nato. A vc eu chamaria de líder. Infelizmente, os "profissionais" de RH banalizaram esta palavra numa época em que qualquer pessoa pode fazer qualquer coisa. E nós sabemos que não é assim. Há executivos e executivos. Mas líderes, não. Há apenas líderes.

    As grandes empresas não têm noção de quantos talentos (OK, vou usar o clichê) verdadeiros existem pelo país e que, por motivos diversos, não são aproveitados como mão-de-obra para fazer o país andar pra frente. Ou, pensando bem, talvez seja por isso que eles não querem estes talentos nos seus quadros.

    Depois do que vc escreveu neste post, "No further questions, Your Honor".

    Grande abraço,
    Eliane

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  3. Adorei a sua postagem!

    Até porque perguntas "indiretas" faz com que o candidato se "desarme" já que ele espera aquele habitual: Qual é o seus defeitos?

    Agora, pegando um pouco da ideia do Hugo de Oliveira, é muito estranho que as escolas não preparem os seus alunos para entrevistas de emprego, ou até mesmo qual deve ser o comportamento na profissão desejada.

    Poderia sim haver um preparação maior com relação a isso.

    Abraços,
    Jessica Corais

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  4. Uau, olha Jéssica aqui de volta, uma das melhores colunistas do futebol nacional e internacional da bogosfera! Obrigado pelo seu comentário, e também ao Hugo com sua visão sempre avançada acerca de educação e cultura.

    Eliane, sempre me deixando envaidecido... rsrsrs. A minha sorte é ter no meu grupo de contatos alguém como você acompanhando, ensinando e ajudando a compreender cada dia um pouco mais sobre o mundo corporativo.

    Obrigado pelas palavras!

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