O valor da experiência não resume-se apenas no fato de visitar o CEASA de Anápolis-GO e de Goiânia, pois esse tipo de visita já não era novidade para mim. Mas fazê-lo na companhia de um mestre em comprar bem valeu os dois dias de trabalho e de aprendizado.
Fizemos o trajeto Palmas-Anápolis-Goiânia em duas carretas, onde viajei na companhia de um grande amigo, o motorista da frota do nosso mercado, para encontrar-me com o nosso comprador e conhecê-lo em ação.
O CEASA é, antes de mais nada, um lugar que de primeira vista parece uma tremenda bagunça.
Conhecido por todos os produtores e distribuidores, o “Sr, Oripe”, como é conhecido por lá, transitava em passos seguros, avaliava os produtos de cada banca com sua prancheta de pedidos na mão e começava a negociar os preços.
Difícil é expressar aqui a aula de comunicação corporal dada por esse homem em seus contatos com cada fornecedor. “Oripe” olhava, movia-se. afastava-se, aproximava-se e fazia anotações com tal destreza, que com poucas palavras determinava o preço que iria pagar por cada produto após rápidas discussões de preço.
Confesso que cortava o coração ver o aspecto dos vendedores quando finalmente concordavam em vender e mandar entregar seus produtos onde nossa carreta esperava para as remessas.
“Oripe” parecia inatingível nas negociações.
Mas uma coisa me chamou a atenção: nesses dois dias em companhia do mestre só houveram duas situações claras onde “Oripe” não impôs sua tabela de preços, e em ambas ele fora atendido por mulheres. Hábeis na negociação, ambas utilizavam, por coincidência ou não, uma estratégia de abordagem diferente dos homens que o recebiam para comprar. E como sou profissional de marketing e vendas não posso deixar de citar esse fato.
Ao contrário de outros vendedores que esperavam pela contra-proposta de preço as mulheres é quem determinavam o preço, anotavam no controle e pulavam rapidamente para o próximo item. Ao serem interrompidas, matavam o assunto com qualquer argumento e já deixavam aquela venda para trás mudando o foco da conversa ou entrando no próximo item.
O segredo dessas mulheres parecia ser a velocidade. Não davam tempo para o comprador pechinchar e faziam da negociação uma atividade extremamente rápida e dinâmica. Diferentemente de outros vendedores que prezavam pela enrolação e bajulação do comprador, elas faziam seu trabalho sem bla-bla-bla.
Por isso digo que essas 12 horas de viagem para ir e mais 12 horas para voltar, andando quase 10 horas a pé por dia pelo CEASA valeram muito a pena. “Oripe” foi uma aula de relacionamento comercial, e observar o trâmite de compra e venda com cada fornecedor foi definitivamente uma experiência incrível.
Observar as atividades rotineiras das pessoas para muitos não tem nenhuma importância. Mas para mim, o valor profissional de pequenas experiências como essa, não tem preço...
Muito interessante seu texto Adriano. Tb aprendo muito assim.
ResponderExcluirBjs.