Lá em casa ainda mantemos alguns hábitos que são quase como rituais, como por exemplo na hora de dormir: minha filha pede para preparar o seu leitinho, senta no meu colo e fica segurando e acariciando minha orelha enquanto eu seguro a mamadeira (na verdade é um copo com tampa e bico de plástico)
. E um dia desses, ela pediu para contar a história da lebre e a tartaruga enquanto mamava.
Para quem não conhece a história, trata-se de uma lebre muito faceira que desafia a tartaruga para uma corrida, a qual aceita o desafio. Porém, após a largada e uma rápida disparada da lebre, que fica com grande vantagem diante da lentidão da tartaruga, ela acomoda-se lá frente, pára de correr, come umas cenouras e ainda deita-se para tirar um cochilo, na certeza de que a tartaruga demoraria demais para chegar até ela. O fato é que tamanha displicência custou-lhe a vitória, pois a tartaruga, que não perdeu o foco no seu objetivo, passou por ela em silêncio e ultrapassou a linha de chegada no mesmo momento em que a lebre acordou e partiu em disparada... tarde demais.
Ao fim desse conto fiquei ali questionando: é melhor ser lebre ou tartaruga?
Se observarmos bem a lebre veremos que tem perfil arrojado, muito auto confiante porém displicente, ou seja, perde o foco com facilidade para divertir-se, apostando em sua capacidade de decidir e valorizando demasiadamente o seu bem estar, acreditando que nada poderá detê-la. A lebre brinca com a sorte, não administra bem o tempo e nem mede adequadamente os riscos futuros, e sua falta de humildade e de respeito aos adversários pode custar-lhe uma conquista. Parece alguns membros da geração Y...
Já a tartaruga, mesmo com algumas limitações em relação aos desafios que lhe aparecem, não deixa de competir. Tem foco, disciplina, sabe onde quer chegar e não desiste mesmo quando vê que seu concorrente parece ser superior. Ela tem perseverança e paciência, só deixa de competir quando o jogo realmente termina, pois confia em sua capacidade de chegar até o fim. Parece alguns membros da geração de Baby Boomers...
Curiosamente, a expectativa de vida de uma lebre é de 7 a 8 anos, enquanto a da tartaruga é de 40 a 120 anos, dependendo da espécie. Será que profissionalmente, apesar de aparentar ser mais competitiva no mundo moderno, as lebres não são mais vulneráveis do que as tartarugas e sua expectativa de vida profissional seja mais curta? Será que seu arrojo e busca por conquistas rápidas não irá tirar-lhes o poder de fogo na hora de disputar uma vaga e não ter experiências consolidadas quando chegarem à meia idade?
Meu conselho é a utilização do velho e bom benchmarking: se você se parece mais com a lebre, observe a tartaruga e incorpore suas virtudes às suas características pessoais. Se você se parece mais com a tartaruga, faça o mesmo. E assim poderá aperfeiçoar seus pontos fracos e destacar-se no mercado de trabalho, mesmo quando estiver com idade mais avançada.
O problema são alguns gestores que pinçam flash's e veem as lebres somente nos seus momentos de arranque e os comparam com a velocidade da tartaruga...
ResponderExcluirou ainda, os gestores que valorizam mais o ovo da galinha, que é acompanhado de grande cacarejada do que o ovo do avestruz que é posto em silêncio...
Nossa, que post 'animal'...rsrsrsrs. Acho o foco importante, assim, ainda que sejamos medianos naquilo que fazemos, a chance de dar certo aumenta. Beijocas!
ResponderExcluirSobre vc e sua filha:
ResponderExcluirVc vai sentir tanta saudades destes momentos!!!!
Bjs.
Excelente analogia. Gostei muito. E nada como a sua temperança no aconselhamento... Ooppss, no "coaching". : )
ResponderExcluirO Alexandre falou de algo que eu sempre digo ser uma das máximas do mundo corporativo. "A galinha que põe um ovo e não cacareja como sua colega ao lado, está fadada à eliminação pelo próprio sistema."
Abs,
Eliane