quarta-feira, 20 de junho de 2012

Na hora de pedir aumento, com que cara eu vou?

Sabe aquela hora em que você cria coragem de pedir o aumento, mas antes dá uma passadinha no banheiro e olha para o espelho, arruma a gola da camisa, ajeita o cabelo e ensaia a cara que pretende usar diante do chefe? Pois é... Tudo isso pode ser feito em vão se a argumentação não for boa.

Para que sua investida não dê com os burros n’água, eis aqui algumas dicas sobre o que fazer e o que não fazer nesse momento tão delicado envolvendo você e o seu emprego.

Em primeiro lugar tenha sempre em mente que sua argumentação pode provocar um olhar de indiferença e uma resposta bem simples e objetiva do patrão: “E eu com isso?”. Na verdade ele não vai te dizer isso, mas na maioria dos casos quando alguém pede aumento salarial, a justificativa é tão ruim e tão tendenciosa que a vontade de dizer “e eu com isso” é enorme! Por fim, a resposta será educadamente uma desculpa esfarrapada para dizer “não”.

Assim evite todo tipo de abordagem onde o patrão sinta vontade de dizer: “E eu com isso”. Por exemplo:

Você – “Sabe Sr. Lauro, estamos iniciando a construção de nossa casa e os materiais estão muito caros... inclusive a mão de obra tem que pagar toda semana em dinheiro... será que não poderíamos melhorar um pouquinho meu salário para ajudar nessa obra?”
Pensamento do patrão- “Tá construindo é? E eu com isso?”

Ou então:

Você – “Aristides, o senhor não sabe a felicidade que é ter mais um filho! O mais velho é só alegria com o novo irmãozinho! Mas as despesas aumentaram muito lá em casa e eu queria ver se o senhor não poderia dar uma melhoradinha no meu salário...”
Pensamento do patrão – “Teve mais um filho é?” E eu com isso?”

E por fim:

Você – “Sabe Dona Beatriz, agora eu decidi fazer faculdade e não estou aguentando pagar as mensalidades. Será que a empresa não poderia aumentar uns duzentos reais em meu salário para me ajudar nos estudos?”
Pensamento da patroa – “Resolveu estudar e não planejou se aguentava pagar é? E eu com isso?”

Os amigos leitores devem estar pensando “mas que sangue frio tem esse Adriano, nem pensa socialmente nos colaboradores...”. Mas não é bem assim. Vejam bem os amigos: um assalariado que fatura mil reais por mês e pede duzentos para fazer faculdade ganhou um aumento fora de época de 20%, além de gerar um precedente aos demais colaboradores. Imagine se a empresa inteira resolvesse estudar, construir ou ter filhos!! Como dar aumento para um e não dar aos outros?!

Toda empresa séria deve ter uma política salarial que explique o quanto cada função é remunerada e por quê. A remuneração é baseada na complexidade do cargo, e não no custo de vida do funcionário, salvo em raras situações de praças específicas onde a conjuntura concorrencial e a captação de mão de obra qualificada é um problema mais difícil de resolver. Nesse caso a demanda por mão de obra é maior que a oferta, e os papéis podem se inverter na negociação salarial.

Mas na maioria das vezes o aumento salarial não se dá com argumentações de cunho pessoal, e nem por tempo de serviço, e sim pela especificidade da função e produtividade. Ora, tem até gente que pede aumento alegando apenas que já trabalha lá a 5 anos e que merece um reconhecimento. Seu reconhecimento é não ter levado as contas e ter recebido o anuênio garantido pela CLT, pois com 5 anos de serviço já deveria ter conquistado alguma promoção!

Entendam isso, meus amigos, que aumento salarial vai de encontro com o seu custo x benefício. Se o que você faz por mil reais puder ser feito facilmente por alguma outra pessoa desempregada, você dificilmente receberá aumento e provavelmente receberá as contas em breve, pois o seu pedido será visto como um sinal de insatisfação com a política salarial da empresa.

Mas se por outro lado o seu pedido de aumento for justificado pela sua produtividade, precisão, comprometimento e pró atividade, projetos propostos e ainda com planos de aperfeiçoar-se em uma área específica para produzir ainda mais na empresa, aí sim o patrão o verá como um investimento, uma forma de reter na empresa uma joia rara antes que o perca para um concorrente.

O raciocínio é lógico, e não emocional

Diante do que a empresa esperava de você no momento da contratação, faça uma avaliação e responda você mesmo: eles se surpreenderam e se beneficiaram com mais do que esperavam? No mercado de trabalho há poucos que fariam o que você atualmente faz pela empresa? Se a resposta for SIM para as duas perguntas e a justificativa for mensurável, então peça aumento e use a justificativa no argumento.

Mas se a resposta for NÃO e você já estiver a pelo menos um ano nessa empresa, repense sua carreira... Você pode estar acomodado ou a empresa pode estar empatando suas chances de crescimento profissional.

Funciona igual a clube de futebol e jogador, igualzinho: quanto melhor você se mostra, mais valoriza seu passe e seu salário.

Assim, concluindo o assunto, tanto você quanto a empresa têm o mesmo objetivo, que é ganhar mais. Se a empresa ganhar mais vantagens através do seu trabalho, ela pode até te dar um aumento ou uma promoção. Mas não queira ganhar mais ou ser promovido se não estiver dando mais à empresa. É pura matemática. Uma empresa raramente vai dar aumento salarial baseando-se nos seus assuntos ou problemas pessoais. Para isso existem outros recursos que ela talvez ofereça, que é a política de benefícios, mas não tem nada a ver com aumento salarial.

Por isso se quiser ser valorizado faça sempre o seu melhor, pois o elementar custa barato.

* Texto de minha autoria publicado originalmente no blog Ponto Pessoal , onde escrevo em parceria com assuntos relacionados a Marketing Pessoal. Clique nesse link e passe por lá!

Um comentário:

  1. Um momento delicado, mas que se não tomarmos iniciativa ficaremos sempre na estaca zero. Apenas, bom senso para não se colocar tudo a perder. Boas dicas!
    Abraço, Célia.

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