sábado, 15 de outubro de 2011

"Somos covardes, estamos em greve"

Não existe ato mais covarde e egoísta de um trabalhador do que a greve. No meu entendimento, que sou adepto da frase "os incomodados que se retirem", greve de trabalhador concursado é covardia pois, protegido por sua estabilidade, parte do princípio de que tem o direito de parar seus serviços se não for remunerado no valor que considera justo, sem calcular o prejuízo de tudo isso à sociedade. Queria ver se a Unimed entrasse em greve, como os bancários fariam para consultar-se enfrentando a fila do SUS...

Ainda penso que se alguém fomentou a greve, deve estar sentindo-se incapaz de empregar-se em outra atividade que pague o quanto ele acha que vale. Pois no mercado de trabalho capitalista é assim: você vale segundo a sua capacidade e seus diferenciais. Se for capaz de fazer coisas que ninguém faz ou tiver um excelente currículo, seu salário será maior, e aí sim estará em ponto de negociar valores, pois se o atual empregador não paga o quanto vale, há quem pague, basta pedir as contas e mudar de emprego.

Mas no caso dos bancários e funcionários do Correio não é assim. Fazem greve mas não pedem demissão, pois sabem que sua empregabilidade é quase zero. É o mesmo que assinar um atestado de incapacidade profissional. Não pensam nos milhares de desempregados que querem esbofeteá-los, pois a meses sem emprego são obrigados a assistir à baixaria dos concursados sentados na porta de suas empresas de uniforme e crachá insatisfeitos com seus salários. Oh dó... Eu lhes faria a pergunta: há alguém ou alguma empresa disposta a pagar-lhes o salário que vocês reivindicam? Se tiver, peçam as contas e mudem de emprego. Mas se não tiver enfiem os rabinhos entre as pernas, peçam desculpas à sociedade por todo o prejuízo já causado e voltem aos seus postos dando graças a Deus por terem um emprego que muitos almejam.

Por hoje é só isso, entrei apenas para mostrar minha indignação à essa ferramenta egoísta de extorsão oferecida pelo governo aos nobres profissionais concursados. Aliás, o governo que enche a carteira dos trabalhadores de direitos, esquece-se que antes do trabalhador existe o empregador, e que sem esse último não existiria o primeiro. Logo, favorecer apenas o trabalhador em praticamente todas as instâncias legais é punitivo ao bom funcionamento do empreendimento do empregador e à toda a sociedade. Cada empresa que fecha ou que vai à falência gera desemprego, e ao desempregado não há lei trabalhista que tenha utilidade.

Nota 1: em nossa empresa há hoje aproximadamente 20 novos colaboradores que abriram suas contas salário no Banco do Brasil e que não tiveram acesso ao seu pagamento por falta do cartão magnético. Dane-se a nossa empresa (pensam os bancários) que foi obrigada a pagar novamente os salários deles em dinheiro através do famoso VALE, para ser reembolsada quando os bancos se dignarem a voltar à normalidade... será?!

Nota 2: peço desculpas aos profissionais que trabalham honestamente e merecidamente em suas funções e que estão em greve não por vontade própria, mas sob pressão do sindicato. A esses, favor desconsiderar toda a minha crítica.

5 comentários:

  1. Concordo com você, Adriano, além do mais esses concursados fizeram o concurso público para esses cargos sabendo da remuneração e da política de reajustes, agora querem reclamar disso? Então nem tivessem feito o concurso. Não dá mais para aguentar essas greves, que prejudicam uma população inteira.
    Abraços, Romeu

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  2. Olá,
    De vez em quando passo pelo seu blog, mas só hoje tive um tempinho para ler com mais calma esse post.

    Do ponto de vista do direito, eu não posso falar nada. Mas é óbvio que qualquer trabalhador acaba se desmotivando vendo a organização em que trabalhar bater recordes e recordes de lucro, e não sobrar nada para ele. Como resolver isso? Eu sugeriria o velho e conhecido PLR (não para todos, é óbvio), mas fortemente baseado nos méritos, objetivos e metas definidos para cada funcionário.

    Quanto à greve em si, sempre achei a atitude mais idiota de todas. Como revolucionária que sou, faria o contrários (risos): registraria horas extras trabalhadas e cobraria do empregador, serviria meus clientes gratuitamente, enfim, tudo ao contrário. Talvez assim as coisas não ficariam nesse impasse por tanto tempo.

    PS: A greve dos correios acabaram há mais de 10 dias, e até agora não tive minha correspondência regularizada, incluindo aí, até mesmo um sedex.

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  3. Olá Isabel, obrigado pela visita! De fato, greve é uma atitude muito estúpida, quase uma extorsão, pois coloca o governo contra a parede diante da opinião pública. Aliás, se já não bastassem os direitos trabalhistas ultrapassarem a barreira da decência (pois a lei faz o contrato de trabalho tornar-se apenas um documento formal de benefício unilateral, onde o patrão jamais tem razão), ainda permite essa manifestação egoísta e prejudicial para toda a população. Tão criminoso quanto a greve seria o sequestro do presidente dos Correiros, colocando como moeda de troca para libertação a concordância das reivindicação, não é mesmo? Afinal, estamos em um país onde o trabalhador tudo pode, rsrsrs

    Grande abraço, e volte sempre!
    Adriano

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  4. Adriano, eu concordo em partes, concordo que a greve não resolve nada, muito pelo contrário, só prejudica e atrasa o serviço, desgasta as pessoas( de ambos os lados). Entendo também que existem bons e maus empregadores como bons e maus funcionários. Não há equilíbrio na relação e pesa pros dois lados.

    No caso do funcionalismo público deveria existir outro meio de controle, um controle público inclusive, porque o povo precisa de bons servidores e os servidores que cumprem seus deveres devem ter um meio de cobrar seus direitos, o que não há.Eu acredito que a relação de emprego é uma troca, em qualquer lugar que vc vá, público ou não.

    O grande problema do público é que não importa quão bom você seja, você será igual ao ruim. Isso sim tem que mudar.

    O pessoal do Poupatempo está reivindicando a verba que foi repassada pelo Governo do Estado para a reposição deles, que nem é aumento, é ajuste da inflação. Quem recebeu não repassou e nada foi justificado.

    A questão é ampla.
    Mas a solução não é greve.

    BeijoS!

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    1. Super bem observado, Rafaela. Que há muito a melhorar não há sombra de dúvida, pois a máquina administrativa pública não pode deixar de tratar os colaboradores como profissionais com direitos, deveres, metas e diferenciação de benefícios/remuneração de acordo com a capacitação e produtividade.

      Eu porém acredito que o servidor público deve pensar em sua carreira profissional e não apegar-se demasiadamente à estabilidade do emprego, pois essa é a motivação que têm em trabalhar em condições precárias e muitas vezes injustas, onde a única forma de pressão a seu favor é a greve, lesando os cidadãos que necessitam do serviço e não têm uma segunda opção para uso (como é o caso dos correios, hospitais públicos, Detran, etc).

      Abraços!

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