Lutam contra a privatização de empresas públicas mas não impedem a formação de conglomerados internacionais no controle de supermercados brasileiros. Isso mesmo... supermercados.
A gravidade disso está no capitalismo mais do que selvagem imposto pelas redes internacionais, que não medem as consequências para valorizar suas ações.
Como se já não bastasse o altíssimo investimento do Wal Mart no mercado nacional, agora temos um grupo chileno como sendo a quarta maior rede de supermercados no Brasil. A rede Cencosud acaba de comprar uma das maiores redes de supermercados de MG, o Irmãos Bretas, com suas 72 lojas distribuídas no interior de Minas Gerais, Goiás e DF. A Cencosud já havia adquirido anteriormente uma das mais fortes do nordeste, o G Barbosa, de Alagoas, além da baiana Mercantil Rodrigues. Também adquiriu a rede Supermercados Família, de Fortaleza, em março deste ano, e a rede Perini, de Salvador, em abril.
Portanto, quando você ler algo dizendo, por exemplo, que o Wal Mart pretende abrir mais 100 lojas no Brasil em 2010 e gerar 10 mil empregos, entenda que ele na verdade pretende adquirir 100 lojas brasileiras e manter 10 mil empregados (me engana...), assim como vem fazendo a Cencosud.
Mas tudo isso você pode nem perceber, pois as redes mantêm-se com o mesmo nome original, apenas mudam internamente e concentram as políticas de compra num único pacote administrativo, idêntico de norte a sul. É aí que a coisa se complica. Vamos aos fatos relevantes:
Você possui uma indústria de sucos e vende para todos os estados brasileiros, com negociações específicas com cada supermercado. A partir do momento que os supermercados passam a ser comprados por uma mesma rede, você terá que assinar um contrato comercial com a nova dona, o qual incidirá descontos comerciais, verbas promocionais, verbas para espaço na área de venda, verba para movimentação do estoque, verba antecipada para troca, verba para marketing, verba para inauguração, verba para reinauguração e verba para aniversário (entre outras...). Tudo isso é descontado em forma de percentuais que chegam a até 25% do valor de cada nota fiscal faturada. Isso mesmo!! Você vendia para o supermercado por R$ 2,00 a unidade do seu suco, e a partir do momento que assina o acordo comercial imposto pela nova rede, na mesma venda você vai faturar apenas R$ 1,50. Você está transferindo a SUA renda para o bolso do supermercado. E os comunistas chamam apenas os banqueiros de "tubarões"...
Ok, você perdeu cinquenta centavos por unidade e decidiu parar de atender essa loja. Pronto, entrou numa tremenda enrascada, pois se desistir dessa perderá também a conta nas outras 400 lojas do grupo espelhadas pelo Brasil. Então você não perdeu apenas cinquenta centavos para uma rede de 72 lojas, mas para as 400 lojas do novo grupo!
Agora multiplique tudo isso pela compra agressiva de nossas lojas por 3 redes internacionais como o Wal Mart, Carrefour e Cencosud. Agora some isso ao Grupo Pão de Açúcar, que para manter-se competitivo precisa praticar a mesma política dos estrangeiros. Está formado o cartel: pelo Brasil a fora você está refém de apenas 4 conglomerados comerciais que corroem a margem das indústrias e fatalmente provocará falências e desemprego, tanto nas indústrias quanto nos centenas de empreendimentos correlacionados (fornecedores de suprimentos, matéria prima, etc).
Ah, mas fique tranquilo, pois com o incremento do poder aquisitivo da classe C, novos produtos importados estão entrando, e você poderá definitivamente sentir-se em Nova York, comprando coisas que entram em dólar, pois o mesmo está enfraquecido e favorece as importações de grandes marcas made in China.
Na condição de consumidor parece estar tudo a mil maravilhas, apesar de as redes disputarem preço de forma agressiva, o que destrói a competitividade dos supermercados familiares restantes, pois esses não têm a força de negociação dos gigantes. Você também poderá comprar os produtos de marca própria dos supermercados gigantes, extremamente baratos, apesar de que, consequentemente, tiram a competitividade das marcas nacionais...
Em resumo, enquanto o consumidor pensa estar ganhando, o país está quebrando suas indústrias de bens de consumo.
Uma curiosidade
Você sabia que o Wal Mart já contabiliza mais de 450 lojas em 18 estados do Brasil? Estão divididas entre as marcas Wal Mart, Hiper Bompreço, BIG, Nacional, Mercadorama, TodoDia, Maxxi Atacado e Sam`s Club. Quase todas eram marcas brasileiras.
Ah, antes que eu me esqueça, o grupo chileno parece estar assediando o grupo DMA, também mineiro, detentor dos supermercados "Epa", "MartPlus" e "Via Brasil", todos concentrados na grande Belo Horizonte com 88 lojas. Com isso, a terra do pão de queijo em breve poderá se tornar a terra do pastel de choclo...
Mamma mia, Adriano!!!
ResponderExcluirÓbvio. Essa alienação que nos enfiam goela abaixo tem exatamente esse objetivo: trazer os tais conglomerados internacionais para controlar nossas comprinhas. Grana, meu amigo, grana pra eles!! E aí, quo vadis???
bjssssssssss
Firmes na luta, Marli!! Sempre na tentativa de esclarecer pontos obscuros da nossa administração pública, tão tendenciosa e nada popular, como tentam nos fazer acreditar...
ResponderExcluirForte abraço!
Adriano, gostei tanto deste seu post que o comentário foi crescendo, como massa de bolo com fermento, e resolvi transformá-lo num post no meu blog. Depois veja lá. É pouco espaço para muita indignação. rsrsrsrs
ResponderExcluirAbraços