O trabalho nos proporciona a cada dia novas experiências. Em minha recente imersão no RH de nossa rede de supermercados a fim de promover uma mudança de choque em todos os processos relacionados à gestão dos recursos humanos, passei a realizar pessoalmente as entrevistas de recrutamento com a presença de nosso psicólogo, com o objetivo de readequá-lo para um processo mais complexo de análise do perfil do candidato x perfil da vaga oferecida.
Nessa empreitada, para a qual tenho dedicado meio período do meu tempo todos os dias, já tive a oportunidade de entrevistar uma média de 30 pessoas nos últimos 10 dias, e confesso que, apesar de não ter preenchido todas as vagas que precisava, já pude me impressionar com um aspecto que me chamou muito a atenção.
A surpresa positiva é o fato de que muitos dos entrevistados, e diria até que trata-se da maioria deles, não fuma cigarro e não bebe bebida alcoólica. A estatística é muito boa, pois a diversão dessa gente, pessoas de classe social humilde e com formação escolar máxima de segundo grau, é fazer programas familiares e caseiros, além de um futebolzinho com amigos e visitas regulares à igreja.
O mais curioso é que muitos deles foram criados apenas pela mãe, de vida difícil e suada, mas que conseguiram criar e fixar valores importantes para suas vidas. Alguns disseram até que suas mães controlavam quem eram seus amigos e com quem poderiam andar por aí.
Digo isso com grande satisfação, pois costumava ver um rumo triste para a nossa sociedade devido a falta de uma criação adequada dos filhos, os quais entram facilmente no mundo das drogas por influência dos amigos da vizinhança e da escola, tendo sido pouco preparados para o mundo pelos próprios pais. Após tornar-se dependentes químicos entram numa faca de dois gumes, pois, mesmo querendo, não conseguem se livrar do vício facilmente. E enquanto isso precisam continuar a comprar para consumir... com dinheiro que não têm. E aí iniciam os pequenos furtos, que terminam em crimes cada vez mais maiores.
O que vi de positivo nos entrevistados não foi o fato de não beberem ou não fumarem, mas que receberam influência positiva sobre isso, pois esses hábitos podem ser uma iniciação ao alcoolismo e ao consumo de drogas. Portanto, abster-se de vícios sempre será uma ótima recomendação aos filhos.
As pessoas que entrevistei e que admirei são em sua maioria de pouca escolaridade e de classe social D e E.
Por isso repito aqui uma afirmação que fiz a uma candidata que debateu comigo o tema "sociedade": o problema da criminalidade não está relacionado à pobreza. Refere-se muito mais à educação familiar.
Mais um ótimo texto meu amigo!
ResponderExcluirBjs.
Olá, Adriano. Essa é aquela velha questão que tanto foi debatida nos vários fóruns do LinkedIn. Já fui chamada de "quase" tudo lá por manter minha opinião com coerência. Quando eu disse lá essa sua afirmação do final do post, o fiz com outras palavras. Disse que educação de berço não é aquela que se aprende na escola, pública ou particular, mas sim em casa desde pequenino, e com os exemplos dos pais. E disse o que acho que "calou fundo" em alguns... Eu disse: "E essa educação de berço não se compra em Harvard!" rsrsrs
ResponderExcluirO comentário mais suave que recebi foi de alguém que me disse que era muito "bélica". Ou seja, será que me acham uma guerreira? Então, é um elogio. :))
Falei, pra variar, demais e só pra dizer que compartilho do seu pensamento. Mais brevemente do que eu pensava, vou escrever um post contando a estória da minha empregada doméstica, que me recuso a chamar de "secretária", pois isso é o cúmulo do preconceito velado, pra você sentir o como não é difícil estender a mão e puxar, definitivamente, uma pessoa de um poço escuro e fazê-la ver a luz. E ainda, fazê-la entender essa luz, de onde ela vem etc. Tenho 2 empregados mensalistas em minha casa e em poucos anos comigo, eles estão se transformando a olhos vistos e se colocando como cidadãos perante a sociedade. Eu gostaria de ter mais dinheiro para dar mais empregos e tirar mais pessoas das trevas. Vou fazer um post e explicar exatamente o que quero dizer com isso.
Abs
e
Infelizmente, Eliane, são bem poucas as pessoas que realizam uma análise crítica a respeito de si mesmas, especialmente sobre sua conduta em casa perante os filhos.
ResponderExcluirDurante a gravidez de minha esposa comprei e li mais ou menos uns 5 livros sobre como compreender e educar uma criança. Iam desde "Criando bebês", "Criando meninas", "Como domar sua ferinha", "A linguagem dos bebês", "As 5 linguagens do amor das crianças", além de outros sobre a gestação e até um manual chamado "O livro do papai" (presente do meu brother), do espirituoso humorista Helio le la Peña.
Sei que ainda tenho muito a aprender, mas se não tivesse buscado o conhecimento sobre a educação de um filho, certamente cometeria muitos erros que poderão impactar na vida adulta de minha criança, pois muitos pais resumem sua criação ao ato de alimentar, aquecer e limpar...
Mas a sociedade é assim mesmo: uns dedicam a maior parte do seu tempo para polir o carro, outros para criar um cão, outros para tomar cerveja... E tem até quem se dedique a criar o filho! São pesos diferentes na escala de prioridades.
Grande abraço!
Se o problema da criminalidade tivesse a ver única e exclusivamente com pobreza:
ResponderExcluir- não existiriam criminosos nas classes B e A;
- os bandidos após ascender as condicões monetárias das classes B e A(e muitos conseguem) abandonariam o crime.
De fato, Sewald, a classe humilde muitas vezes carrega o estigma da desconfiança da sociedade, quando o rumo da conversa deveria ser outro no combate à criminalidade...
ResponderExcluirÉ um troço complicado demais esse... Por que às vezes mesmo a pessoa tendo em casa a orientação necessária acaba indo pra um caminho errado. Mas não relaciono de jeito nenhum criminalidade à pobreza... Talvez a pobreza seja a desculpa que se procure.
ResponderExcluirGostei muito de ter lido... Bem escrito pra variar.
Moço, obrigada pelos cumprimentos em meu aniversário, mesmo atrasadinho...rsrs.
Beijos.
É...Adriano, educação é fundamental, mas quantos por aí, doutores, não nos envergonham?! Acredito que a forma como se aproveita o que se recebe de melhor e a capacidade de transformar o pior é o melhor medidor da dignidade, pobreza e riqueza não são parâmetros.
ResponderExcluirSalve Adriano, mestre do mundo corporativo!
ResponderExcluirEu faço coro com a Rê aqui em cima, a educação é fundamental, na verdade é a base de tudo!
Por isso agora em época de eleições temos que nos preocupar muito com essa questão.
Mais um vez fizeste um excelente texto.
Depois de algum tempo, retomei as atividades do blog Rio Futebol.
Passe lá para dar uma força, se puder! Ah, e me readicione aqui nos favoritos!
Grande abraço,
Leonardo Resende
http://riofutebol.blogspot.com
adm.riofutebol@gmail.com