sexta-feira, 13 de maio de 2011

O que era Falsificado agora é Réplica

Essa para mim é nova! Passei a semana na capital paulista para participar da feira supermercadista APAS 2011 e aproveitei o tempo, junto aos colegas da empresa, para andar pela cidade e redondezas. E como não poderia deixar de ser, passamos pela Rua 25 de Março.

E foi lá que aprendi uma coisa nova proporcionada pelo multi utilitário marketing: aquilo que antes era chamado pelo singelo nome de produto falsificado agora tem nova denominação: Réplica.

Com essa nova identificação, aquele relógio Tissot ou Rolex que você sempre sonhou já pode ser adquirido pela bagatela de R$ 50,00 sem que você sinta aquele complexo de inferioridade ao utilizar um artigo falsificado podendo sentir-se então o legítimo proprietário de uma Réplica

Graças à adoção do termo Réplica mulheres de todas as classes sociais já podem usar sem culpa alguma aquela linda bolsa Victor Hugo igualzinha à vendida na Rua Oscar Freire por R$ 8 mil, mas pagando no máximo R$ 120,00.

É por isso que o marketing é de uma tecnologia impressionante! Não há limites para se transformar água em vinho!! Trocando-se uma palavra por outra um pouco mais elegante, cria-se um novo nicho de mercado infinitamente grande para a venda da mesma coisa de sempre. Nesse caso, o velho e conhecido produto falsificado da Galeria Pagé torna-se uma elegante réplica do original...

E eu que pensei que já tinha visto de tudo ainda conheci mais essa: há vendedores de réplicas que cobram por um relógio Ferrari, por exemplo, o valor de R$ 300,00, um pouco mais caro que outros de apenas R$ 50,00. Com isso, chamam seu artigo de "réplica de primeira linha", ou seja, custam mais porque são muito, mas muuuito mais próximos do original que outras réplicas sem qualidade. Pode um negócio desses?! Não só pode como vende...

A discussão aqui é sobre Marketing, mas quem quiser falar de ética, está aberta a porta.

7 comentários:

  1. Salve, Adriano!

    Genial o post! Parabéns! Você abordou um dos assuntos mais quentes em termos de análise de mercado nos últimos anos. Há um grupo de pesquisadores trabalhando com essa questão na Europa, relacionada à construção de mercados. Esse é um fenômeno que se dá, no Brasil, na esteira da expansão em direção às chamadas classes C e D.

    Um abraço,

    Vieira

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  2. Pois é, Giovanni. O mercado de consumo prega peças até na ética concorrencial e promove novas formas de se conceber o status das marcas: alguns vestem marca original, e pagam o que vale, para sentir-se bem consigo mesmo e com seu padrão de qualidade, enquanto outros vestem "réplicas" para parecer iguais aos primeiros, sem sentir-se usuários de produtos pejorativamente (mas que é a realidade) chamados de "falsificados".

    É aí que está a sinuca: estamos perdendo o pudor e nos acostumando a fazer coisas que antes pareciam ruins (e que ainda são contra a lei), mas que o marketing transformou em tolerável?

    Pauta difícil e polêmica essa, rsrsrs...

    Grande abraço!

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  3. Adriano, eu acho que o Mkt ajuda muito, sim. Mas ele não é o único ponto desse fenômeno. Existe um grande problema chamdo custo do produto. As grandes empresas, e são pouquíssimas mesmo as que não usam desse artifício, pagam designers famosos, criam linhas de produtos arrojados, bonitos, modernos etc. Só que a confecção destes produtos nos seus países de origem é cara e acaba por tornar o produto quase inviável economicamente. Então, o que fazer? Chineses neles!
    Eu me recuso a usar produtos da Louis Vuiton, pois por mais que vc traga uma bolsa original da Paris, com o último design do momento, basta vc botar os pés no aeroporto do Galeão pra ver umas 10 barangas "emergentes" com uma bolsa "igualzinha" a que vc acabou de comprar por uma pequena fortuna. Não uso Nike, Gucci, Fendi, Prada, e todas as marcas que são copiadas na China com número de série gravados no couro e tudo o mais.
    A Hermés já anunciou à imprensa que não abre mão de confeccionar suas bolsas sob encomenda. Elas são exclusivas, feitas a mão por artesãos franceses, com material de qualidade incomparável, e vc ainda tem de esperar 6 meses para receber a bolsa pronta, pois a fila é grande e os artesãos são poucos (além de serem de extrema confiança). Resultado disso: uma bolsa pequenininha não sai por menos do que R$ 36K. E tem fila pra comprar.
    A Chanel tb segue a tendência da Hermés, só que não são tão rígidos a ponto de só aceitarem encomendas. Mas não fabricam seus produtos na China, nem no Vietnam (que é a bola da vez em termos de mão-de-obra quase escrava). O resultado é o mesmo, produtos de alta qualidade, mas com preços altíssimos.
    Eu escolho a Hermés brasileira, a Swains, pq é uma marca clássica, que não desenha produtos pra namoradas de traficantes, jogadores de futebol ou pagodeiros e, por este motivo, não interessam ser copiadas. Os produtos simplesmente encalhariam. Com um sapato e uma bolsa (a bolsa custou R$ 400,00 em 2010) de uma marca brasileira eu fiz o maior sucesso em Paris. Nos cafés, as mulheres me perguntavam mesmo de quem era a minha bolsa.
    A marca Burberry inglesa quase acabou pq popularizou demais seus produtos, deixando-os copiáveis. A Louis Vuiton é uma das marcas mais copiadas que conheço. E isso só aconteceu depois de ele começarem a lançar produtos mais fashion, abanonando um pouco os clássicos.
    É claro que existem marcas consideradas clássicas que são copiadas. Os Rolex de que vc falou. Mas cá pra nós, Rolex não é um clássico. Vc já viu pirataria de relógios Patek Philippe? As canetas Mont Blanc são pirateadas à beça. Mas vc já viu réplicas da Parker 51? É isso, Adriano. Posso estar totalmente errada. Mas a pirataria segue a velha máxima da oferta e procura. Quem paga por produtos falsificados são os protótipos de emergentes. E esses têm um gosto voltado para o vulgar. Por isso eu acho que se uma marca se popularizar, é o começo para a vulgarização e a pirataria.
    CDs, DVDs e SWs são uma outra estória.

    Abração

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  4. Tá aí, Eliane, um comentário para completar e ilustrar o contexto e minha linha de pensamento, perfeito. Seu último parágrafo fechou com perfeição, pois muitos se apegam nas mesmas marcas como símbolo de status, enquanto outros produtos oferecem a qualidade e a exclusividade que poucos conhecem e têm acesso.

    Grande abraço!

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  5. Aqui no Rio, tem gente que oferece na cara de pau bolsas Louis Vuitton (é assim mesmo?)por uns preços nem tão baratos, e dizem que "parecem as originais"!
    Mas, falar em ética na atualidade do Brasil é o mesmo que falar de moda de praia na Groenlândia...
    Abraços!

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Acredito que a questão não é o alto preço cobrado pelas marcas que são piratiadas e sim a ética pessoal de cada um, querendo ser alguém que não é e nem pode ser, esses produtos piratiados como replica são de qualidade mas se ele coloca a marca dele e mesmo tendo qualidade esse publico não olha nem deseja seus produtos, ai a falta de ética atinge a cadeia dos fabricantes, que querem uma vida mais facíl e pegam carona em uma marca que gasta milhões em campanha de marketing à nível mundial e contratando os modelos e personalidades mais caras que uma marca pode pagar, é dai que vem esses preços altos.
    Então se você quer parecer com uma pessoa que você não é tudo bem, mas acredito que tudo isso vem do jeitinho brasileiro que nos deixa onde estamos, dando privilégio para quem busca o mais fácil, não arrecada impostos e pega carona no trabalho dos outros. Vamos fortalecer aquele que trabalha éticamente, tem muita coisa boa de marcas menos conhecidas e você dando força para elas, fortalecerá quem trabalha com idoneidade.

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