quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Grande marcas podem estar promovendo um problema em cadeia

Você já ouvir falar na Hypermarcas, Unilever e LBR? Bem, então vamos às apresentações:

Hypermarcas - "A Hypermarcas é uma das maiores companhias de bens de consumo com capital de origem brasileira e possui o maior e mais diversificado portfólio de marcas, incluindo predominantemente marcas líderes e vice-líderes em seus respectivos segmentos." (extraído do site oficial. Leia mais)

Unilever - "Uma das maiores empresas de bens de consumo do mundo, fabricante de produtos de higiene pessoal e limpeza, alimentos e sorvetes, com operações em mais de 100 países, a Unilever completa, em 2009, 80 anos de atuação no Brasil. Presente em 100% dos lares brasileiros ao longo de um ano, seus produtos atingem, mensalmente, 86% dos domicílios, ou seja, cerca de 37 milhões." (extraído do site oficial. Leia mais)

LBR - "Depois de 90 dias de negociação, a gaúcha Bom Gosto e a LeitBom anunciaram hoje a fusão das duas empresas, criando a LBR Lácteos Brasil S/A. Com o fechamento do novo negócio, o setor vê nascer uma companhia com um faturamento de R$ 3 bilhões e captação anual de mais de 2 bilhões de litros de leite, que se posiciona como a "maior operação privada do setor de laticínio do Brasil"" (extraído do Jornal Zero Hora de 22/12/2010. Leia mais)

Agora que você já sabe quem é quem, resta saber o motivo desse post citando essas três gigantes da indústria varejista. Mas antes vamos a mais uma definição, o significado da palavra CARTEL. Segundo o dicionário Aurélio, "s.m. Desafio. / Acordo comercial entre empresas, que se organizam numa espécie de sindicato para impor preços no mercado, suprimindo ou criando óbices à livre concorrência."

Pois bem, dessas 3 indústrias, duas delas possuem o domínio de alguns segmentos de mercados que pode ser capaz de manipular os preços e o fornecimento de produtos segundo seus próprios interesses, sem a preocupação com concorrências significativas.

A Hypermarcas, por exemplo, na linha de adoçantes dietéticos é dona das marcas Zero-Cal, Finn e Adocyl. Só nessa área, respondem massivamente pelo consumo obrigatório estimado de 12% da população brasileira que depende desse tipo de produto por motivo de saúde, os diabéticos. Em outras palavras, se a companhia resolver colocar as mãos nesse mercado e parar o fornecimento, as marcas concorrentes não possuem capacidade produtiva para suprir a demanda do mercado nacional, o que inflacionaria o preço do produto e impactaria diretamente na vida de pessoas que não teriam para onde correr.

A LBR, nova entrante no ramo das operações gigantes, acaba de agrupar num único negócio os seguintes laticínios: Parmalat, LeitBom, Paulista, Poços de Caldas, Glória, Boa Nata, Bom Gosto, Líder, Cedrense, DaMatta, São Gabriel, Sarita, Corlac e Ibituruna. Nesse aglomerado, segundo comunicado da companhia, serão 30 unidades com capacidade para processar 8,3 milhões de litros de leite por dia, em torno de 6.400 funcionários e acesso a uma cadeia de 56 mil fornecedores regulares.

A realidade no ramo de laticínios é que a população brasileira consome menos leite do que o recomendado pelo Ministério da Saúde (segundo o Embrapa), e que mesmo assim a produção atual é inferior à demanda nacional, que complementa o abastecimento do mercado com leite importado.

Pois bem, diante disso podemos concluir que a produção e venda de leite é um segmento ingrato e pouco gratificante para os produtores e criadores de gado leiteiro. Somando-se a isso a centralização da compra de matéria prima nas mãos de uma companhia que tende a ficar cada dia mais poderosa e ao consequente enfraquecimento de marcas concorrentes por falta de competitividade, a leitura que faço da nova realidade é de que o leite tende a ser cada vez menos interessante aos criadores, caindo o seu preço de venda aos laticínios. Com isso diminuirá o número de produtores e crescerá a entrada de produto importado. O fim de tudo está no aumento de preço ao consumidor, cujo maior prejudicado mais uma vez será o povão.

E a Unilever? A Unilever, apesar de possuir um número grande de marcas, não promove a centralização de vendas em alguma categoria específica. Ela concorre com outras marcas em todas as suas linhas comerciais, o que não caracteriza cartel comercial.

Diante disso, fica aqui a minha pergunta: o governo não vai agir para coibir a reserva de mercado e a centralização do poder comercial nas mãos de poucos? Já está obsoleto na gestão de poucos supermercados gigantes que estão engolindo dia após dia os menores. Agora entregará nas mãos de poucos a produção e a venda de um item de cesta básica essencial para o crescimento das crianças, interferindo diretamente desde a cadeia produtiva até a área de vendas.

Cabe a nós esperar... quem decide, parece que não pensou em tudo.

2 comentários:

  1. Adriano, para que eu não tenha de escrever um post para comentar este, só vou dizer, por enquanto, o seguinte: Quem decide, NUNCA pensa em tudo, por conveniência. Acredite. O ser humano ainda é muito pobre moralmente.

    Outra coisa é dizer que, em realidade, não cabe a nós esperar, não. A sociedade deveria se idignar e se mexer, literalmente agindo.

    Você sabe porque "eles", os grandes empresários, fazem tudo isso? Porque PODE, Adriano, porque pode. Se nós não deixássemos (todos nós), NÃO PODERIA, e, portanto, isso não aconteceria.

    Mesmo assim, esse é um assunto muito importante pra desenvolver num post.

    Abração

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  2. O que nos resta, Eliane, é adotar o leite de saquinho. Artezanal, mais barato, mais saudável e longe dos interesses desses gigantes. Estou muito decepcionado com isso, pois sei o que sofrem os fornecedores de leite com o medíocre preço que pagam os industriais. A Nestlé é uma das marcas que suga seus fornecedores. Se os produtores resolverem plantar melancias ao invés de viver do leite, quem paga é o povo. O leite continua necessário na alimentação e custará cada dia mais caro.

    Vamos privatizar a administração pública!

    Abraços

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