quinta-feira, 24 de junho de 2010

O fanatismo político e o voto cego

Queridos, essa noite perdi o sono pensando num assunto até de certa forma incômodo. Baseado em alguns posts que andei comentando num blog por aí, onde também li os comentários dos demais leitores, decidi que não poderia deixar de escrever sobre esse assunto.

O que é fanatismo? Acredito que o fanático aprecia cegamente e incondicionalmente alguma coisa, tipo um artista, uma religião ou um clube de futebol. O cara é fã do Brad Pitt, então é apreciador de tudo o que ele faz na profissão, mesmo que alguém não tenha a mesma opinião. O cara é fã do Corinthians, faz o mesmo. Um religioso fanático acredita e segue à risca sua fé, independente do que os outros pensam.

Está nítido que o fanatismo é movido pela emoção, quem sabe até pelo amor.

Mas como é possível ser fanático de um partido político, onde deve prevalecer a razão e não a emoção?! Algumas pessoas escrevem e defendem um político ou um partido com tamanho fanatismo que chega a ser irritante. "Eu sou de esquerda!", falam cheios de orgulho e criticando os de direita com veemência.

O que isso traz de harmônico, flexível e prático para todos? Nada. É preciso ver política sob a ótica do cidadão, do povão. Político bom é aquele que trabalha pela necessidade coletiva, sem se esquecer das minorias. É desagradável falar de política com uma pessoa que só mostra o que deu certo, só sabe defender seu candidato no seu fanatismo político e se recusa a admitir que outras coisas deram errado. Isso sim é gostar de ditadura, "aceitem o que eu penso sem discutir se está certo ou errado".

Acho que as pessoas precisam se apegar a programas, à realização de coisas pendentes de solução e não a partidos ou pessoas. Até porque, partido hoje é só fachada. Você pode votar hoje no PT e amanhã no PSDB, qual o problema?! Mas tem gente que vota no partido, independente do estrupício que represente a legenda.

Vejam bem, não estou criticando o Lula, nem o Serra, nem a Dilma e nem um político qualquer. Estou criticando quem vota por fanatismo partidário, sem análise contundente do que cada um tem de bom e de ruim, seja de esquerda, direita ou centro.

O político, antes de mais nada é um administrador de grande porte. Exerce um cargo que demanda alto grau de capacidade intelectual, liderança, diplomacia e valores humanos. Você pode perfeitamente ser adepto e simpatizante de uma legenda, sem contudo perder sua capacidade de análise crítica sobre as pessoas que estão na pauta de escolha, sejam elas de qual partido for.

E acima de tudo, seu voto não deve considerar uma necessidade específica sua, mas os benefícios que possam ser estendidos a toda a população ou a pelo menos algumas categorias específicas a curto, médio e longo prazo. Hoje um político te oferece um benefício, mas e amanhã, o que vai acontecer com você, o que ele deixará a seu favor?!

As eleições estão chegando, e vendo as propagandas eleitorais até aqui continuo com aquela impressão de que nada de novo vai acontecer, vença quem vencer...

Moral da história: dê seus pulos, porque depender do presidente é render-se à própria sorte.

7 comentários:

  1. A palavra política,derivada da grega Politikos,significa a arte ou a ciência do governo.
    Para o bem dos cidadãos que compõem a cidade e o país,devemos ter sabedoria não só para votar,mas para expressar nossa opinião.
    Belo texto,como sempre!
    Beijo!

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  2. Sempre esqueço alguma coisa: adorei a foto ilustrativa! Que nos salvem os ceguinhos e Louis Braille! Aliás, esses sabem ler melhor!
    Exemplo: meu pai tinha um amigo que deixava só uma pecinha no jogo "resta 1'. Eu pequena deixava lá meus 3, 4 e 5 e ficava embasbacada porque o véio Mario deixava sempre 1 ou 2. Eu chegava no meu pai:" pai, não é possível isso." Ele sentia o jogo com o tato e fazia o desenho na sua mente. Quer coisa melhor do que isso? Inteligência puuuura.

    Lembrei também de outra coisa: em muitos blogs (maioria feminino) que já visitei, há a estratégia de expor leitores ao ridículo. Eu sempre me defendi. Tive chiliques, mas sempre mantive meu salto alto e sozinha. Raríssimas vezes tinha alguém do meu lado.

    Como estudo Astrologia há anos (e ainda me falta muita coisa), aprendi a fazer o mapa (mesmo sem a hora do nascimento) da pessoa. Descubro o aniversário e mando ver. Assim fica mais fácil me proteger, proteger minha dignidade e tudo sem ser grossa. Esse é o pior erro qe alguém pode cometer. Se bem que mesmo sem isso, há esse efeito dominó. É como se a pessoa não conseguisse nunca agir sozinha. E toda sua vida fosse um teatro onde sempre precisasse provar tudo peloblog. É uma segunda vida. Se a pessoa tiver tendências a vícios internéticos e de se deixar corromper. Nem sentem, mas é caso de psicanalista. E o que é pior: eles começam a virar exemplos para pessoas muito inexperientes. Isso me apavora.

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  3. Só a fôrma/forma utilizada pelos blogs já mostra a vontade de exposição de si mas sempre levando quem se deixa levar e ser manada. Sugiro que todos prestem atenção: sempre há enquetes, comentários expostos em posts saindo do contexto de caixa de comentário e virando o palhaço do circo; eu fiz isso num primeiro blog em 2004 e fui criticada, parei logo, senti que não era justo; comentaristas mais assíduos (não é assíduo EM SI e porque a pessoa esquece alguma coisa, como eu agora), um bobo da corte (aqueles odiados pelo dono que viram consequentemente odiados pelos súditos), entre outras coisas. E tudo fantasiado do esquema libertário.

    Não deixam de ser democráticos, mas a veia autoritária sempre acaba falando mais alto! Reparem só. Muita gente cai nessa, Adriano! Eu vou e volto, passo 1, 2 anos sem visitar.

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  4. Olá, Adriano.
    Vim aqui faze minha mea culpa sobre fanatismo...o fanatismo político. Confesso que agi muitas vezes assim, enxergando a política como o bem e o mal, onde o lado que eu acreditava obviamente era composto pelos mocinhos.
    Ledo engano.
    Foi duro me dar conta que minha ideologia era uma farsa, tinha subido no telhado, enfim. Mas serviu pra eu amadurecer como cidadã e eleitora, ainda que não mais acredite em boas intençoes nesse mundo contaminado pela arte do "tá bom pra mim, os outros que se ferrem".
    Concordo com vc, ganhe quem ganhar, não acho que muita coisa mudará.

    Beiojs.
    Bom fim de semana.

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  5. É Adriano, vc ta certíssimo! Não tem coisa mais chata que discutir com um fanático, mas com um partidário apaixonado, não tem nem comparações.

    Ser fã de político é a maior roubada! Eles são verdadeiros atores. Quando a gente descobre um escândalo na vida privada do político, aí que vem a história de que temos que entender; separar a vida privada e pública. Não, honestidade não se separa em pedaços de vida, ou vc é honesto ou não é.

    Enfim...tb to achando que ainda não vai mudar mt coisa,seja quem for o eleito.

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  6. Gente, tudo o que eu espero de um político é que ele veja as coisas que todos vêm, e trabalhem antes que o mal aconteça.

    Político bom não é aquele que dá abrigo aos desabrigados, mas aquele que atua no problema antes que ele desabrigue alguém. Qual é o trabalho que está sendo realizado para acabar com as enchentes? Quem não sabe que há época de chuva e de deslizamentos de morro? Por que ninguém faz o que tem que ser feito antes que a chuva chegue?!

    A cota de faculdade para negro é a maior prova de incompetência política que uma nação possa ter. O problema não está em ser negro, mas em ser pobre e ter que estudar nas escolas públicas medíocres que são oferecidas a quem não pode pagar um Dante Alighieri, Bandeirante, Positivo, Medianeira ou Objetivo. O pobre no Brasil precisa nadar contra a maré para ser competitivo e ser alguém na vida. E o que o governo faz por eles? Oferece uma meia dúzia de vagas nessas "cotas" deixando de lado outros milhões de jovens desqualificados, brancos e negros, pelo ensino fundamental oferecido pelo Estado.

    E essas minhas críticas não são para o governo Lula. Faz décadas que escola pública no Brasil é motivo de piada, e pouco se investe nos salários de professores, infraestrutura das escolas e na qualificação do ensino.

    Beijar criancinhas em passeatas... cada coisa mais clichê. E choram só de receber um tchauzinho do "presidenciável", tratam político como se fosse artista alguns fanáticos. Por que não pedem o currículo do sujeito para decidir quem contratar para comandar a sua vida nos próximos anos?

    Bom final de semana a todos!

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  7. Bonjour!

    Adriano, sou a favor das cotas como reparação histórica e também porque não consigo entender o argumento de quem é contra. Se um dia eu abrir o jornal (hoje leio apenas "O Globo") e e me deparar com um artigo que pense o assunto de maneira inteligente, sem fazer valer demais o aspecto social, aí quem sabe eu não lançarei mais as crônicas de um de meus colunistas/jornalistas preferidos: Elio Gaspari, ele um bravo defensor das cotas. Bem, prefiro não entrar muito na discussão. Apenas reforcei minha posição, apesar de concordar com o que você diz aí no texto.

    Sobre o populismo: é uma praga.

    Uma vez, no Jô Soares, foi um cara (não me lembro quem, mas era político) e disse que há o caridoso e caridófilo; este último seria aquele que se aproveita da pobreza para se promover e odeia pobre. O caridoso gosta de pobre (porque sabe que na maioria das vezes ele não tem culpa de estar naquela situação) e odeia pobreza, pois ninguém merece viver nessa condição.

    Acredito no Bolsa-Família e em qualquer programa que "mate a fome", que dê o principal, dando a mão para uma família em desespero. Isso é válido e eu o faço no meu dia-a-dia, porque no Rio cruzamos com vários mendigos e gente do morro que já não sabe mais o que fazer e vai para as ruas pedir dinheiro. É muito sofrido. Nõs não aguentamos.

    Mas o que o governo Lula fez foi mudar o nome de algo que já existia. E isso faz parte de um governante/governo populista. É extremamente triste a minha situação: não tenho em quem votar. Não gosto de ninguém. ;-0

    Voltando sobre fanatismo: já disse aí que há sempre algo escondido. Dinheiro por trás. Só alguém muito idiota vai levantar uma bandeira para outros sem ganhar nada com isso. Passam de bonzinhos e dividem o mundo entre "os que estão com ele" e "os que estão sem ele". E isso infelizmente é um comportamento típico de anarquistas e esquerdistas. Infelizmente foi o que vi toda vida.

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