terça-feira, 20 de abril de 2010

Cap. 5: A organização e o comportamento humano


Já em atividade a alguns meses, Afrânio presenciou progresso em diversas seções do supermercado, de modo que passou a percorrer com maior frequência os escritórios administrativos da rede.

Estava de certa forma satisfeito com a postura da equipe, que zelava da exposição em geral, precificação e abastecimento. Contudo, já transitando com olhar menos crítico pelos corredores da loja, só voltou a perceber que alguma coisa estava errada quando passou a sofrer insatisfações na condição de consumidor, durante suas compras ao lado da esposa.

Após a terceira compra, Afrânio estava definitivamente certo do que suspeitava: a equipe afrouxou no desempenho do trabalho.

Acostumado a conduzir o próprio negócio pessoalmente, o velho profissional deparou-se com algo novo em sua gestão. As pessoas necessitavam sentir-se monitoradas e comandadas por alguém em todo o período de trabalho.

Atribuir responsabilidades e convencer cada membro de que os métodos de trabalho eram os ideais já não parecia ser suficiente para o bom andamento do projeto. Era necessário de fato fazer com que todos sentissem que estavam sendo acompanhados em suas atividades diárias. Em escala: o repositor acompanhado pelo encarregado, que era acompanhado pelo sub gerente, que era acompanhado pelo gerente, que era acompanhado pelo próprio Afrânio.

Dessa forma ficou claro que não havia como implantar um sistema de sucesso, vê-lo progredir por um mês e meio e deixá-lo sem acompanhamento constante. Esse pode ter sido o causador da queda de produtividade dos Supermercados Feijão com Arroz. Assim como ele próprio, muitos clientes poderiam estar saindo das lojas insatisfeitos.

Afrânio dirigiu-se ao RH e pediu a contratação de um gestor auxiliar com quem pudesse dividir as atividades de direção das filiais. Coçou a cabeça e observou que o trabalho passava nesse instante do plano operacional e organizacional para o comportamental. E o eficiente gestor de um supermercado pequeno já começava a pensar se tomara uma boa decisão ao voltar ao comando no mesmo supermercado, agora uma grande rede operada por muitas pessoas...

Continua...

3 comentários:

  1. Porque é difícil manter as pessoas motivadas?! Fico observando meu marido e o companheiro de equipe dele, o Renato. Eles têm paixão pelo que fazem, falam com entusiasmo sobre o trabalho e no entanto sofrem com a desmotivação da equipe. Aqui os nativos ainda são locados em seus postos de trabalho de acordo com a tribo a qual pertence, isso é horrível. Para se ter uma idéia, eles têm um companheiro de trabalho com responsabilidade equivalente à deles que ganha menos que um auxiliar. A empresa está mudando essa política de tribalismo, talvez assim eles se sintam um pouco mais motivados. Como disse a Fátima, continuando a acompanhar. Beijocas!

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  2. É incrível como o fator cultural é diferente de uma região para outra... Se no próprio Brasil já sentimos isso de estado para estado, imagino o quanto é desafiador ajustar a característica comportamental nos hábitos de trabalho dos países da África.

    Obrigado Taia e Fátima!

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