terça-feira, 10 de novembro de 2009

Filosofações de um ex-estudante

Tirei essa semana de descanso para desafogar um pouco a cabeça e aliviar o peso dos ombros. E hoje antes do almoço tive a idéia de passar pelo campus universitário somente para observar as pessoas e relembrar daqueles dias.

Encostei o carro embaixo de uma árvore, abri os vidros e coloquei o fone de ouvidos para curtir uma seleção de músicas que chamei de Pax, encabeçada pela vóz suave de Máire Brennan, Lorena e Belle & Sebastian.

Diante dos blocos, alunos saíam com suas expectativas. Uns de se formar, uns de se formar e ser alguém e outros de se formar, ser alguém e contribuir socialmente.

Alguns, de aspecto despojado pegavam seu carro do ano para sair, mostrando que tiveram a sorte de nascer onde havia recursos para os sustentar pelos 4 ou 5 anos de curso. Outros já apresentavam vestimenta casual, porém com menos personalidade, e dirigiam-se ao seu carro um pouco mais surrado, quem sabe para ir comer qualquer coisa antes de ir cumprir o seu estágio ou carga horária no turno da tarde de um shopping ou indústria. Haviam também aqueles indo ao ponto de ônibus, e até aqueles cujo pai foi buscar, que terão a sorte de comer o almoço quentinho feito pela mãe.

Que expectativas devem ter... muitos querem ser bons profissionais. Se tivesse a oportunidade de dizer-lhes algo hoje, diria que ser bom é ter um bom salário e viver na média à sombra dos ótimos, que por sua vez estão sendo dirigidos pelos melhores e mais bem remunerados do mercado.

Fazer faculdade não é sinônimo de futuro com sucesso e empregabilidade. No momento de um recrutamento é fácil e rápido distinguir os melhores, os que lhe trarão resultados, mesmo que sem experiência suficiente, e quem sabe até sem faculdade, pois há aqueles que a vida não lhes proporcionou oportunidade para tanto.

Os melhores têm sede de vitória, fazem seus olhos brilharem e seus pêlos arrepiam ao ouvir-lhes falar sobre o que podem fazer por sua empresa. Os de menor experiência dizem ao ser questionados "isso eu não sei, mas aprendo fácil!" ou então "isso eu nunca fiz, mas quem nunca teve a sua primeira vez?!".

O mundo está aí para ser conquistado por quem aceita e busca desafios, e essa é uma característica restrita aos melhores, àqueles que desejam ser alguém e contribuir socialmente.

Os melhores contribuem socialmente prepararando os futuros melhores a alcançarem seus objetivos sem medo de serem superados, pois dentro de si, sem arrogância mas cientes de quem são, ensinam verdadeiramente e não temem o potencial dos bons e nem dos ótimos.

Sei que tenho criticado muitas vezes a postura da geração Y, pois preocupa-me demais os devaneios e a falta de maturidade de muitos que se entregam à bebida e à droga como meio de diversão, sem amor próprio e sem considerar o trágico futuro que os espera e a quem os rodeia. É uma questão de tempo... muitos lamentarão os seus erros, sem poder voltar atrás.

Por isso os melhores não se misturam, pois cuidam do seu corpo e mente como seu principal instrumento de trabalho e patrimônio, usados para o seu próprio desenvolvimento e para chefiar os bons, os alcoólicos, e quem sabe dar alguma oportunidade aos drogados arrependidos.

Portanto relembrei dos meus dias na faculdade. Me arrependi de muitas coisas, me orgulhei de outras, me vi espelhado em alguns alunos que passavam, e voltei a sonhar com o dia em que poderei ter a oportunidade de lecionar e contribuir socialmente com quem enfrentará um dia os desafios dessa vida.

6 comentários:

  1. Linda reflexão!

    Você sabe com maestria difundir seu conhecimento.

    Abs!

    Carol Sakurá

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  2. Belíssimo post, meu amigo.
    A sociedade precisa de pensamentos deste nível para tentar buscar um rumo que se encontra meio perdido.
    Acredito que só pelo estudo, educação e sabedoria conseguiremos reaver nosso mundo mais justo e melhor para se viver.

    Abs

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  3. É isso mesmo, o texto está bem interessante, até comentei sobre ele no meu blog hoje.

    http://romeufriedlaenderjunior.blogspot.com/2009/11/que-voce-quer-ser-quando-crescer.html

    Abraços

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  4. Belo texto Adriano, eu me arrependi de não ter me dedicado mais a minha Facul, trabalhando e estudando ao mesmo tempo, e no auge da juventude, acabei por deixa-lá de lado muitas vezes, hoje vejo o quanto isso me prejudicou profissionalmente.. mas quando vc quer dar certo não existe quem te segure.

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  5. Quando ingressei no meu segundo curso universitáio, o primeiro não consegui concluir, já tinha 25 anos e a experiência de ter trabalhado, dentre outros lugares, no depto. de pós-graduação da UFPR.
    Escolhi um curso que tradicionalmente tem pouca produção científica. E já no primeiro ano, tentava demonstrar aos meus colegas as oportunidades que eles tinham. Não consegue emprego, dedique-se a algum projeto cientifico.. alem da bolsa que se recebe, ainda ha o acumulo de experiencia. Há monitorias disponiveis a partir do 3o. ano. Congressos, foruns e outros são a oportunidade de adquirir conhecimento e de conhecer novas pessoas. Mas muitos preferiram o Pilekinho (ainda existe, Berger?) a aproveitar as oportunidades que uma universidade oferece.

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  6. Pois é, Alexandre, se não exisitir mais o Pilekinho com certeza há outro no mesmo segmento, rsrsrs... com mais audiência do que a a Júnior Consultoria (que já fui presidente no meu terceiro ano de administração) e os demais projetos que você lembrou bem. Mas a juventude tem livre arbítrio sobre a própria vida, e infelizmente muitos escolhem mal a forma como dividir as 24 horas do seu dia.

    Abraços!

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