sábado, 6 de novembro de 2010

Você é Homem ou Mulher? - Tanto faz...

Essa semana o Jornal da Record, impulsionado pela eleição inédita no Brasil de uma mulher à presidência da república, está com uma série de reportagens intitulada "Mulheres no comando", o que começou a incomodar-me pelo tom de quebra de tabus profissionais.

Primeiro porque acho que ser homem ou mulher num mercado capitalista não é tabu.

A matéria mostrava uma jovem mulher, engenheira civil, no comando de um canteiro de obras. Onde está o tabu? Para dirigir uma construção há algum atributo físico, emocional ou intelectual que apenas os homens tenham? Não.

Também mostraram mulheres da polícia especialistas em tiro ao alvo. Onde está o tabú? Ter boa mira é atributo exclusivo de homens? Não. No mesmo quadro, mostraram mulheres que assumiram função de comandante em delegacia de morros dominados pelo narcotráfico. Pois se ela subiu de posto através dos concursos internos, investiu na carreira, sabe dos riscos... está qualificada para servir no morro ou fora dele.

Daí mostrava mulheres operárias numa indústria automobilística que subiram de posto em vários níveis. Uai... mas se elas foram disciplinadas, responsáveis, boas líderes, tecnicamente preparadas e capazes de alcançar as metas da indústria, qual é a surpresa delas subirem de posto sendo mulheres?!

Mostraram mulheres pilotos de teste de automóveis. Para ser piloto de teste o que é preciso saber: dirigir, escutar ruídos, perceber nuanças do automóvel em trânsito, compreender de mecânica... isso são coisas que só homens conseguiam sentir ou fazer?!

Havia mulheres assentadoras de azulejos! Ora, se elas sabem pintar, bordar, costurar e trocar fraldas de um bebê, por que não saberiam assentar azulejos?!

Acho lamentável quando uma matéria jornalística mostra que pela primeira vez uma mulher assumiu a presidência de uma indústria de automóveis como se isso fosse uma imensa quebra de tabu, quando na verdade foi apenas uma demonstração de inteligência. Elas podem ser presidentes de grandes magazines, companhia mineradora, chefes de estado... qual o tabu em ser presidente de uma indústria automobilística?!

Se você é um recrutador ou empresário e limita uma contratação ou promoção a apenas um dos sexos, isso não se trata de um tabu... trata-se de burrice!! Você restringe em pelo menos 50% suas chances de conseguir um melhor profissional para a função.

Entre homens e mulheres existem diferenças físicas e mentais (mais conhecidas como hormonais) que podem limitar a execução de certas atividades, concordo com isso. Mas deve-se considerar esses aspectos no perfil de cada vaga ou função, assim como outros atributos levantados pelos psicólogos organizacionais. Além disso, deve-se considerar também que nem todo homem possui grande força física, e nem toda mulher entra em TPM...

Usando-me como exemplo, eu não tenho resistência física para atuar como servente de pedreiro e dezenas de atividades que demandem esforço físico repetitivo, coisa que qualquer uma das mulheres que trabalham no serviço de limpeza de nossos supermercados têm. Eu também não tenho boa habilidade motora fina para executar atividades minuciosas, como ourives, costura ou odontologia. Mas há quem tenha em ambos os sexos.

A mídia cria conceitos distorcidos acerca de banalidades, e por isso faz parecer que cabeleireiros, maquiadores e estilistas precisam ser afeminados, e policiais, mecânicos e operários precisam ser brutalizados.

É por isso que depois se espantam em ver um homem, jogador de squash e barbado, atuando no mercado da moda ou sendo um professor do ensino infantil. Ou uma mulher que passa batom, maquiagem e faz regime trabalhando com automóveis ou segurança... a profissão não te faz menos homem e nem menos mulher na sua essência

Termino dizendo que estabelecer a sexualidade ao invés das capacitações pessoais pertinentes a cada profissão é uma atitude tão intolerante e preconceituosa quanto o racismo, assim como admirar-se com alguém que trabalha com coisas que você julga ser próprio do sexo oposto...

6 comentários:

  1. Então ao que parece em vez de quebrar estäo criando mais tabus.
    E enquanto muitas mulheres estão mostarndo seus talentos ou mesmo fazendo o que tem que fazer, aqui tenho percebido uma regressão, tem umas que estão se recusando a fazer alguns servicos, em casa mesmo, como pintura, por exemplo, alegando que é coisa de homem. Aqui é bem comum e normal mulheres ajudarem os maridos ou pais ou irmãos ou até fazerem esses sservicos de consertos em casa, como pintura, piso, etc, eu não venho dessa cultura e já aderi, então sou contra retrocederem com esse papinho de que é coisa de homem. Evolucão, revolucão e regressäo mundo a fora tudo ao mesmo tempo.

    Vou dar uma olhada nesse programa depois.

    Bom sabadão!

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  2. A questão dos gêneros traz agora a vitória mais importante: Igualdade!

    Somos diferentes,mas cada sexo adiciona sua particularidade para um bem comum.

    Belo texto,como sempre!

    Abraços!

    p.s: Como está Tocatins?Ensolarada?

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  3. A questão é simples: determinar trabalho de homem ou de mulher não pode ser mais um fator cultural. Precisa ser prático: quem consegue ou é capaz de fazer o quê... numa decisão de olhos fechados, apenas pautado nas informações pessoais.

    Abraços Carol e Luciana!

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  4. Estou cansada de ler diariamente nos classificados de emprego frases do tipo: contrata-se ** do sexo ** para a vaga de **.
    Isso faz parecer que os cargos tem que ser preenchidos de acordo com o gênero e não de acordo com a capacidade e aptidão do homem ou da mulher.
    Não é um tabu, é ignorância mesmo!

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  5. Adriano,bom dia!

    Adorei sua esplanação em relação a ignorância dos empresários em ter que selecionar para o quadro de funcionários de suas Empresas,funcionários ou só jovens,mulher ou por idade.Concordo plenamente com a questão de você ser capacitado e estar aberto a prender sempre.Acho que chegamos a um momento na vida onde independente de sexo cor,religião ou idade deve haver o pensamento na pessoa competitiva,hoje as pessoas tem qualidade de vida e muitas estão atingindo:80,90 anos lúcidas muitos até fazendo faculdade.

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    1. Obrigado pela visita e pelas colocações! Eu sou da opinião de que trabalha-se segundo a própria capacidade e perfil pessoal. A questão da idade, sexo ou outros esteriótipos é pura bobagem, é coisa de quem faz análises simplistas da profissão. Há sim algumas situações restritivas que vale a pena considerar, mas na maioria dos casos as restrições não passam de ignorância das empresas e seus recrutadores.

      Grande abraço!

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